quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Profissão: Matar

Não consegui encontrar outro titulo mais apropriado para a notícia que reproduzirei abaixo.


Cidades onde há abatedouros, há mais violência, apontam pesquisas internacionais
Uma das imagens de "The Jungle": corte do osso e inspeção final numa fábrica de Chicago, em 1906

Para o autor e jornalista Upton Sinclair, o mundo dos matadouros é tão perigoso para os seres humanos, quanto para os animais. Em 1906, ele escreveu o livro "The Jungle", recheado com imagens e relatos altamente chocantes do que se passa dentro de um abatedouro. Ele ainda identificou que os trabalhadores de um desse local de trabalho se tornaram tão insensíveis à violência, que as taxas de estupro e brigas entre eles cresceu à época.

Mais de cem anos depois, uma pesquisadora da Universidade de Windsor, no Canadá, dá ênfase ao que foi publicado lá em 1906. A professora de criminologia Amy Fitzgerald diz que as estatísticas com relação entre matadouros e crime brutal são um fato empírico.

Num estudo recente, Amy trabalhou com números divulgados pelo FBI (a polícia norte-americana) sobre os crimes registrados em 581 municípios dos Estados Unidos entre 1994 e 2002.

"Montei um gráfico que mostra que quando o número de trabalhadores num matadouro de uma comunidade aumenta, a taxa de criminalidade também aumenta", diz ela, que estudou os registros de criminalidade nas comunidades americanas onde há matadouros instalados.

Amy ponderou os valores, a fim de verificar se realmente há essa conexão. Ela descobriu que um matadouro de médio porte, com 175 funcionários, pode aumentar o número de prisões numa comunidade em 2,24 e o número de crimes registrados em 4,69. Quando maior o matadouro, maior o problema envolvendo crimes.

Esse aumento da violência ainda é percebido quando o número de jovens e imigrantes passam a trabalhar nesses matadouros.

"Alguns moradores começaram a reconhecer que os índices de criminalidade estavam aumentando e os donos dos matadouros passaram a culpar a mão-de-obra dos imigrantes", conta a pesquisadora.

Ela analisou ainda as cidades que abrigam fábricas em que os trabalhadores fazem trabalhos repetitivos ou perigosos -- ou seja, empresas que não envolvem a matança de animais. Em alguns casos, o número de violência nessas cidades é muito baixo.

"Os trabalhadores de abatedouros têm que lidar com os animais vivos que entram lá, matando-os e lidando com suas carcaças e processando suas carnes", finaliza.

Amy ainda consegue fazer uma paralelo entre as pessoas que trabalham nos matadouros e os militares. "Ambos lidam com violência, perdem a sensibilidade", finaliza.